quarta-feira, 15 de julho de 2015

NELSON MANDELA: INVICTUS

SARA MAGALHÃES
O desejo da paz faz parte dos anseios mais profundos da pessoa e marca a história, a arte e a cultura dos povos. Em todos os tempos e lugares o ser humano fala, escreve, pinta…procura a paz. No íntimo de si mesma, cada pessoa sempre quis e continua a querer a civilização do amor, edificada na justiça, na harmonia, na concórdia e na paz.

Este foi o sonho de Nelson Mandela. Nasceu em 1918 na África do Sul e pertencia ao povo (tribo) Themba. Ficou órfão de pai e foi adotado por um tio. Mais tarde foi estudar para uma escola católica.

Nesta altura, percebeu a divisão racista em que o seu país vivia. Durante anos o apartheid marcou toda vida social e política da África do Sul. Para lutar contra a discriminação entre brancos e negros juntou-se ao Congresso Nacional Africano (ANC) para garantir uma vida melhor para as pessoas negras e uma sociedade mais justa.

Em 1962 foi preso, julgado e condenado à morte. Entretanto, alteraram a sua pena para prisão perpétua. Durante os 27 anos de reclusão, conseguiu viver sem rancor, sem ódio, mesmo sentindo uma profunda injustiça. O seu discurso era coerente, firme, sustentado pelos valores mais profundos do ser humano: liberdade; igualdade de oportunidades; justiça.

Serviu como modelo de inspiração no mundo inteiro pelos valores que defendia e pelo amor que sentia pelos seus irmãos negros.

Em 1990 é finalmente liberdade e termina o sistema político do Apartheid. Finalmente fez-se justiça e uma nova era chega a este país. Recebe o Prémio Nobel da Paz em 1993 e é eleito Presidente da África do Sul em 1994. Cargo que ocupa até 1999.

Sempre afirmou que a paz é indispensável ao relacionamento entre os povos e as pessoas e que não é possível haver paz sem justiça. Invicto, morre em 2013.

A paz deve nascer dum diálogo sincero e não é, de todo uma ideia abstrata. Mas antes um gesto radical de ir ao encontro do outro na busca da verdade e da justiça e de soluções válidas para os problemas que surgem continuamente na vida interpessoal, social e universal.

A paz é um bem precioso e supremo, o único ambiente onde é possível uma vida verdadeiramente humana. A sua construção envolve cada um de nós. A paz não é apenas ameaçada pelas armas, mas também por todas as formas de injustiça: pobreza, marginalização, agressão, terrorismo…. A estes males deve responder-se com uma atitude pessoal e coletiva baseada na justiça, na solidariedade e fraternidade universal.

Recordo o poema que Willian Ernest Henley escreveu e que jamais sonharia que os seus versos pudessem inspirar um homem com a grandeza de Nelson Mandela para suportar durante 27 anos o cativeiro.

INVICTUS
Da noite escura que me cobre,
Como uma cova de lado a lado,
Agradeço a todos os deuses,
A minha alma invencível.

Nas garras ardis das circunstâncias,
Não titubeei e sequer chorei,
Sob os golpes do infortúnio,
Minha cabeça sangra, ainda erguida.

Alem deste vale de ira e de lágrimas,
Assoma-se o horror das sombras,
E apesar dos anos ameaçadores,
Encontram-me sempre destemido.

Não importa quão estreita a passagem,
Quantas punições ainda sofrerei,
Sou o senhor do meu destino,
E o condutor da minha alma.

                                                     Willian Ernest Henley

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