sábado, 26 de março de 2016

À MESA COM...

O que estamos a comer na verdade?
“Sou a favor dos produtos naturais, regionais e nacionais, quero diferenciar-me da maioria dos chefes de cozinha não só pela originalidade, mas também por trabalhar com os melhores produtos e quero informar a população do crime que estão a ser alvo. Os consumidores devem saber o que estão a comer e a dar de comer aos seus filhos e devem ser exigentes, devem exigir os melhores produtos. Para cozinhar e comer bem temos de comprar bem. Cada vez mais, os produtos de cosmética são feitos de produtos naturais e os alimentos de químicos e nós temos de mudar isso.”

PAULO MAGALHÃES
Com esta crónica, pretendo deixar uma mensagem muito importante sobre o que é a nossa realidade gastronómica, uma realidade escrita em letras pequenas, ou muitas vezes escondida de nós.

Vou dar algumas noções da quantidade de açúcar que ingerimos diariamente sem nos apercebermos. 

O consumo de açúcar diário recomendado é de cerca de 50gr, 1 litro de néctar tem 145gr de açúcar, 2 litros de Fanta tem 270gr açúcar, 3 colheres de chocolate em pó equivalem a 2 colheres de açúcar.

Não vou aqui falar nos problemas que a ingestão de elevadas quantidades de açúcar podem causar, pois cada vez existe mais informação, quero apenas ressaltar que o problema está na informação do conteúdo dos produtos que ingerimos, que muitas vezes é abafado. 

Quando vemos uma publicidade em que a carne é fresca, isso não quer dizer que seja saudável; quando vemos um rótulo com um animal no seu meio ambiente muito feliz, isso não quer dizer que seja verdade e vou deixar aqui alguns exemplos em que é muito fácil demonstrar aquilo que eu quero elucidar-vos.

Um bezerro é afastado da sua mãe nas primeiras horas de vida e trancado num cubículo para que não crie músculos e assim a sua carne fique tenra. Para além da imobilização do animal, a sua alimentação só contém o mineral ferro para que este não morra antes do abate, ou seja, é-lhe retirado da sua dieta dando-lhe só as quantidades mínimas para que assim a sua carne fique tenra, então nada no estábulo pode ser em material ferruginoso, pois os animais iriam começar a lambe-lo desesperadamente. Embora sejam animais naturalmente adversos à sujeira, acabam por comer os seus próprios excrementos em busca deste mineral. A sua alimentação é líquida e nenhum líquido lhes é dado a mais para que assim comam o máximo possível. Um bezerro morre com 4 meses sem nunca ter visto a luz do dia.

As batatas fritas do maior Fast - food do mundo. Para que estasbatatas não ganhem manchas, são utilizados quimicos, esses químicos são tão perigoso que os cultivadores estão 5 dias sem poder entrar nas cultivações. Estas batatas depois de serem apanhadas não são comestíveis cerca de 6 semanas, pois têm de libertar todos esses gases químicos. O mais preocupante para mim, é que a maior parte dos pais levam os seus filhos a comer Fast – food como se fosse um prémio ou presente que lhes estão a dar, quando deveria ser um castigo.

Podemos observar num simples quadro acessível a todos no Google o nível de agro-tóxicos presentes em alimentos que fazem parte da nossa dieta diária.



Os agro-tóxicos, usados em quantidades moderadas, não são prejudiciais ao ser humano, o grande problema, é que grandes produtores, lidam com grandes quantidades de dinheiro por produção, então utilizam grandes quantidades dos mesmos para que as suas plantações não corram riscos de pragas, pensando unicamente nos seus lucros, não pensando que estes químicos causam danos a longo prazo, tais como alterações no sistema nervoso, cancro, alterações fetais, etc. 

Na minha primeira crónica venho apelar ao consumo de produtos de qualidade e ao apoio de produtores locais e nacionais, e quero também que leiam o que está escrito em letras pequenas nos produtos que compram diariamente .


Para concluir, deixo aqui um MENU de Páscoa, simples mas delicioso:

Uma Páscoa com a família requer uma boa refeição, mas também tempo para todos, então deixo um cardápio que o vai levar a viajar sem sair de casa e sem ter muito trabalho.

Vou começar por Trás-os-Montes com o típico pão de páscoa, mais conhecido por folar. Nesta receita saboreamos os tradicionais e maravilhosos enchidos desta bela zona, juntamente com o simples mas glorioso pão caseiro. Nada melhor do que esta entrada para nos sentirmos lá no alto, onde tudo ainda parece diferente, onde as origens se mantêm, onde se preserva a qualidade e se usam segredos de décadas.




Ingredientes
12ovos
1Kg de farinha culinária tipo 55
200gr de fermento massa de padeiro
1cubo de fermento inglês
125gr de manteiga primor com sal
0.5dl de azeite
Toucinho q.b. partido aos cubos
Chouriço q.b. partido aos cubos
Espádua de porco q.b. partido aos cubos
Sal q.b.

Preparação:
Coloca-se a farinha num tacho e abre-se um buraco no meio. Derrete-se o fermento inglês em meio copo de água morna. Coloca-se no buraco da farinha e junta-se os 200gr de fermento de massa do padeiro e desfaz se juntamente com o outro fermento. Vão-se adicionando os ovos previamente aquecidos em banho-maria e desfeitos com a mão ao preparado anterior (os ovos só podem ficar mornos), adiciona-se sal q.b., sempre misturando a farinha aos poucos. Adiciona-se a manteiga e o azeite derretidos (mornos).

Bate se muito, o folar tem de se bater muito. Envolve-se em farinha até fazer uma bola e se desapegar das mãos, sem a massa ficar dura. Deixar levedar a massa tapada com uma manta e num ambiente quente durante 1h30. Quando aumentar o dobro do tamanho, coloca-se a massa na mesa e corta-se em pedaços. Unta se a forma sem buraco com azeite e coloca-se a primeira camada de massa intercalada com a carne previamente partida aos bocados. E assim sucessivamente. O número de camadas deve ir até metade da forma. 

Com as mãos unem-se as camadas de lado de maneira a formar uma bola ou um retângulo na forma. Levedar na forma até a mesma encher. Vai ao forno durante aproximadamente uma hora a 200°graus, quando tiver tostado em cima, retira-se do forno e verifica-se se se a forma já está leve e se o folar desenforma. Se desenformar já está cozido senão volta-se a meter no forno com prata em cima para não queimar até se desenformar.
Dica: Desenformar logo mal saia do forno e envolve-lo num pano a arrefecer. A receita original é feita em forno de lenha mas em alternativa pode-se fazer no forno de fogão.

Como prato principal, seguiremos para o Alentejo, com um Cordeiro no forno. Um prato simples, visto que é Páscoa e já temos muito trabalho. Para os amantes da comida, esta receita vai ser para repetir. Mesmo que não seja um momento tão especial, dirigimo-nos para o Alentejo mas não deixamos as montanhas, pois o segredo desta receita é o fresco e apaixonante sabor do alecrim em contraste com o inexplicável sabor intenso do cordeiro. Para esta receita vamos precisar de,

1 kg de costelas de cordeiro
2 raminhos de alecrim fresco
1 raminho de alecrim picado
9 dentes de alho (5 inteiros, 4 picados)
1/2 (colher de sopa) de azeite por cada costeleta
1 chícara de vinho verde branco
1 kg de batatas cortadas aos gomos com casca
Azeite a gosto para as batatas
Sal e pimenta a gosto


Preparação:
Pré aquecemos o forno a 200 graus. Às costelas juntamos sal e pimenta. Num mixer, pomos 5 dentes de alho, o azeite, o vinho e as folhas de 2 raminhos de alecrim. Misturamos tudo e envolvemos bem as costelas neste molho.

Numa assadeira colocamos as batatas, sal a gosto, 1 raminho de alecrim picado, 4 dentes de alho picado, um pouco de azeite e mexemos bem. Levamos ao forno mexendo constantemente para que não se queimem. 

Quando as batatas tiverem louras dos dois lados baixe a temperatura do forno para 170 graus e aqueça bem uma frigideira e coloque um fio de azeite. Aos poucos coloque as costelas bem escorridas, cerca de um minuto de cada lado e coloque-as numa assadeira. Quando terminar, adicione o molho do tempero á frigideira e deixe reduzir cerca de 7 minutos. Por fim, espalhe o molho nas costelas e leve ao forno até que fique cozinhado, mexendo sempre as batatas para que fiquem bem cozinhadas mas sem queimar.


Viajando para o Minho, temos como tradição o Pão-de-ló. Nesta viagem decidi enquadrar o Pão-de-ló de Ovar, fazendo dois destinos de uma vez só. 

Para esta receita precisamos de:
12 ovos (2 inteiros e 10 separados a gema da clara)
200 gr de açúcar
75 gr de farinha peneirada
1 folha de papel vegetal

Preparação:
Pré-aquecemos o forno a 220 graus. Numa taça juntamos os dois ovos inteiros às dez gemas e adicionamos o açúcar. Bate-se na batedeira na velocidade máxima durante 25 minutos. Este processo é demoroso para quem não tem batedeira com bacia rotativa, mas é fundamental. 

Depois de bater 25 minutos, juntamos a farinha peneirada lentamente, mexendo sempre com uma colher de pau. Coloca-se o papel vegetal na forma, e em seguida, a massa. 

Caso sinta dificuldade em fazê-lo, coloque manteiga na forma e depois o papel, para que assim este agarre à forma. Leve ao forno durante 12 minutos e deixe repousar por cerca de 4 horas.

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