CALÇADO PARA DIABÉTICOS - COMO ESCOLHER?

FÁTIMA LOPES

O calçado inadequado é o principal fator precipitante de alterações e ou lesões frequentes nos pés de indivíduos diabéticos.

O pé diabético caracteriza-se pela ausência de sensibilidade, debilidade articular e muscular; resultando assim na instabilidade do pé. Esta instabilidade associada à falência de mecanismos de proteção intrínsecos e ausência de sensibilidade às agressões extrínsecas aumentam o risco de aparecimento de hiperpressões, deformações e possivelmente ulcerações.

O calçado para diabéticos é designado por semi-ortopédico de prevenção e deve apresentar características básicas como: correta largura, comprimento e altura, e apertos que permitam a correta adaptação ao pé. Os materiais do corpo do sapato, da sola e palmilha deverão ser alvo de atenção, assim como a altura do salto.

Na escolha do calçado o aconselhamento por um Podologista é fundamental; principalmente se existe ausência de sensibilidade, apoio incorreto, pressão excessiva ou deformação.

A base do sapato deve apresentar largura correspondente à do pé;

A biqueira larga, alta e arredondada para evitar posicionamentos viciosos que possam contribuir de forma direta para a deformação dos dedos, onicocriptoses (unhas encravadas), hematomas subungueais, hiperqueratoses e um consequente meio interdigital quente e húmido facilitando a maceração da pele originando a proliferação de fungos e bactérias;

O corpo do sapato deve ser confecionado em pele natural ou em materiais próprios (calçado desportivo) com forro macio e sem costuras internas, para evitar zonas de fricção, potenciais locais do aparecimento de lesões;

Calcanhar com contraforte estável que sustente o calcanhar e rebordos que acompanhem mas não cubram os tornozelos e o tendão de Aquiles;

Aperto com cordão ou tiras de velcro; permitindo a distensão e ajuste ao longo do dia em situações de edema. O pé não deverá estar nem constrito nem folgado ao caminhar;

A sola deverá ter 0,5-1 cm sob a parte anterior do pé;

O salto deverá ser estável e inferior a 2cm (homens) e 4cm (mulheres)

Depois de bem calçado o Podologista deve avaliar todas as zonas sujeitas a traumatismo e confecionar sistemas de alívio e pressão, como é o caso das ortóteses de silicone e das ortóteses plantares, podendo estes serem usados para a prevenção das lesões nunca esquecendo a máxima PÉ-ORTÓTESE-SAPATO.