sábado, 17 de setembro de 2016

HÁ «PREGUIÇA» NO DOURO

CRÓNICA DE ANTÓNIO REIS
PÃO TRANSMONTANO 
Preguiça é um substantivo feminino com origem no termo em latimpigritia, é uma característica ou atitude que demonstra pouca disposição para o trabalho, ou aversão ao trabalho. A folivora é uma subordem de mamíferos, da ordem Pilosa, cujas espécies são conhecidas popularmente por preguiça em que a existência animal é apenas na América central e sul.

No périplo que a BIRD Magazine está a fazer pelo Douro passamos pelo castelo de Numão e procuramos lá bem ao fundo o rio Douro; vimos o comboio e os barcos que sobem e descem um dos rios mais meandriforme da Europa. Com a finalidade de satisfazermos a curiosidade onde aquela estrada nos poderia levar, seguimos a Freixo de Numão e continuamos a descer a sinuosa estrada que serve aldeias “escondidas” da Seixas e Murça, lá fomos dar à margem esquerda do rio Douro, com paragem obrigatória na estação dos caminhos de ferro Mós/Freixo porque aqui termina a estrada municipal e começa o lago de água do rio Douro formado pela albufeira da barragem da Valeira. Neste local existe um restaurante, mas era o seu dia de descanso, estava fechado. Percorremos mais cerca de um quilometro e vimos um aglomerado de carros e uma placa com o escrito – “petiscaria preguiça”. Viramos à direita e fomos encontrar uma sala de jantar sobre a falésia de uma enseada formada pela água do Douro, apenas separada do rio pelos pilares centenários da ponte do comboio.

Com uma sala que pode albergar mais de cem pessoas sentadas, a “petiscaria preguiça” tem as varandas esplanada, viradas para o Douro, onde se podem sentar cerca de cinquenta comezainas. Como a parte mais bela virada à natureza estava completa fomos acomodados por uma simpática e profissional funcionária, de nacionalidade estrangeira, na sala de interior: o problema é que, mesmo embora existisse ar-condicionado não funcionava, tivemos de nos sujeitar aos cerca de 40º C. que se faziam sentir por aquelas bandas.

Fomos “brindados” por uma sopa de peixe semelhante a açorda, faltando-lhe apenas as ervas aromáticas, as quais existem em abundância por aquelas paragens na área protegida do Park Douro Selvagem, desde o poejo, coentros selvagens, orégãos, etc. Em seguida peixe do rio, muito bem frito, o qual estava de tal forma estaladiço que as espinhas se confundiam entre a restante parte do peixe. Como forma de acabar o almoço à boa maneira transmontana foi-nos servido um naco de carne de vaca grelhada; carne suculenta e no ponto certo de calor, acompanhada de salada e batata frita. Desta vez deixamos o vinho ao critério da extraordinária funcionária que amiúde se deslocava à nossa mesa questionando se precisamos de mais alguma coisa. Trouxe-nos um vinho branco e outro tinto, produzido pela família preguiça, que apenas pela cor se poderia dizer que estávamos perante um néctar do Douro puro. Mas, tanto um como o outro era vinho de 13º e 14º grau de volume de álcool. E para quem conduz não é de todo recomendável, assim como serpentear as serras do Douro por estradas de dois sentidos onde o espaço não é exagerado para uma só viatura. Ora, isto sem sobremesa nem café, o preço ronda os €12 por pessoa.
Recomenda-se que quem procure a “petiscaria preguiça” leve dinheiro porque por aquelas bandas não existe terminal multibanco, embora o responsável do estabelecimento, também ele de nacionalidade francesa, não cria qualquer obstáculo e fornece o IBAN para que os clientes continuem a sua viagem e paguem a conta quando lhes for possível. “Acreditamos nos clientes. Um dia pode sair mal”, referiu Joan.

Para que possa almoçar a “petiscaria preguiça” num lugar à sua escolha é aconselhável telefonar a reservar mesa. Telefone: 279 789 432 Chão-do-Pombal, 5155 Mós do Douro – Freixo de Numão - Vila Nova de Foz Coa

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