quinta-feira, 15 de setembro de 2016

MAMA SUMAE – ORDEM E MANUTENÇÃO DA PAZ

LUÍSA VAZ
A mais recente polémica ligada ao actual Executivo prendeu-se com as declarações da D. Catarina Martins, líder de um dos Partidos que sustenta o Governo, relativamente aos infelizes e lamentáveis óbitos de dois jovens que tentavam entrar para a força de Comandos portuguesa.

A nossa força de Comandos tem estado presente em muitos cenários de guerra com excelentes resultados em muitas operações, nomeadamente de extracção de civis e para não variar, a população não faz sequer ideia do trabalho que desempenham na manutenção da Paz e da Soberania nacionais e internacionais. Veja-se a missão humanitária no Afeganistão onde médicos portugueses suturaram feridas de jovens afegãos e onde as nossas tropas distribuíram material escolar, livros e roupa de Inverno numa das províncias mais carenciadas e fustigadas pela guerra.

Esta polémica é antiga e é reacendida agora pela mão de Catarina Martins. Se olharmos para a História recente notamos que em 1988 morreram dois jovens, em 1990 morreu um e estes casos levaram à extinção dos Comandos em 1993 num Governo à época liderado por Cavaco Silva tendo sido reactivados em 2002 pelo Governo de Durão Barroso. Muitos foram os argumentos que na altura o PSD apresentou para sustentar a tese de extinção, agora encontram-se do lado certo da barricada, argumentando a favor da sua manutenção.

Estes treinos são deveras exigentes e ao contrário da “tropa regular” são os próprios homens quem escolhe pertencer a esta força e como tal sabem os riscos que correm seja nos treinos seja no campo de batalha mais tarde. No entanto e apesar de algumas regiões serem bastante inóspitas, está-se em crer que os treinos podem não ser tão duros nomeadamente no tocante ao racionamento da água e como tal poderia fazer-se um estudo quanto ao grau de exigência das condições de campo. Convém no entanto não esquecer que mais do que qualquer político, os Comandos graduados são as pessoas mais informadas e com mais conhecimento para avaliar estas situações e outras que se prendam com o normal funcionamento das suas operações e como melhor preparar os seus militares para lhes fazer frente.

Do muito que li, um dos comentários sugeria a extinção dos Comandos e a manutenção dos GOE que seriam supostamente a mesma coisa. Não são, ambas são forças especializadas com contornos e desempenhos totalmente diferentes. Para que o leitor tenha uma ideia, seria como “por o INEM a apagar fogos em vez dos bombeiros”. Cada um tem o seu treino e a sua missão e por mais que sejam lamentáveis as mortes que ocorrem nos duríssimos treinos a que estes militares estão sujeitos, elas acontecem pelas mais variadas razões como sejam: insolações, desidratações, ferimentos vários ou outras. Mas a D. Catarina, alérgica a tudo o que são regras, hierarquias e forças de segurança, vem do alto do poleiro que o apoio parlamentar lhe garante, e sem qualquer noção do perigo e do desrespeito que são as suas palavras, exigir o inquérito – que é feito sempre que há uma infelicidade destas – e a extinção da força de per si.

Ora Sra D. Catarina, tive oportunidade de ler muitos relatos de Comandos que por estes dias se manifestaram e tive oportunidade também de ver que muitas “cartas abertas” foram escritas dirigidas à sua pessoa, curiosamente nenhuma era para louvar as suas palavras. Para além de alguns anarcas, fóbicos em relação às forças de segurança, não ouvi ninguém pronunciar-se favoravelmente à sua pretensão e espero que assim continuemos.

As suas palavras são de uma irresponsabilidade que só pode demonstrar falta de conhecimento ou fobia e de uma falta de respeito atroz para com estes Homens que praticam um treino extremamente duro e que exercem uma profissão onde eles próprios e os companheiros de armas não podem falhar sob pena de padecerem no local. Há todo um treino, físico, mental, psicológico e de demais naturezas a que estes militares estão sujeitos e são acompanhados por outros de elevada competência, profissionalismo e capacidade para que estes e outros acidentes não aconteçam. Não me chegaria o tempo para enumerar os treinos a que estão sujeitos.

Os Comandos são uma Família com Valores, Princípios, Tradições, enfim, tudo aquilo que a senhora repudia e que tenta que desapareça do mapa civilizacional. Mas não vai desaparecer, minha cara. Muito contra sua vontade, vai manter-se e sair reforçado porque os políticos, principalmente os da nossa praça, podem não ter curriculum, nem experiência nem serem penalizados pelos erros que cometem mas estes militares e todos os que fazem parte das forças de segurança, estão sujeitos a escrutínio e penalizações pesadas por qualquer erro que cometam e em tempo em que os jovens não encontram modelos em que se revejam, muitos deles felizmente escolhem as forças de segurança para os acolher e incorporam o conjunto de Valores e Princípios que estes preconizam.

Os Comandos, os GOE, a Policia, o Exército, a Força Aérea e a Marinha devem ter todas as condições para recrutar os nossos jovens e para levar a cabo as suas actividades. E agora revolte-se com vontade: a senhora sabe que a Alemanha, sim esse monstro capitalista que a senhora abomina, está a considerar reintroduzir o Serviço Militar Obrigatório, e bem na minha opinião?

Essa aversão às forças militarizadas está no cerne da sua ideologia pois são elas as únicas, a par da inteligência em não votar no seu Partido, que podem pôr cobro a um eventual domínio bloquista caso um dia fossem Governo e tentar extingui-las deve ser algo que lhe corre nas veias mas dedique-se à sua demagogia costumeira com o desemprego e as pensões baixas e deixe os nossos militares em paz e sossego e dê-lhes condições pois se um dia tivermos que nos livrar de alguma praga – nem que seja a do seu Partido se um dia este País descer tão baixo ao ponto de lhe dar mais poder – serão eles os nossos Heróis.

Que se apurem as causas das mortes dos jovens, acho muito bem agora que se ponha em causa a continuação ou o desempenho dos Comandos, isso já é outra conversa. Vamos lá ganhar juízo e deixar de dizer asneiras para entreter as pessoas para que elas não percebam que caminhamos a passos muito largos para a 4ª bancarrota e desta vez não só com o seu apoio mas também com a sua participação.

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