sábado, 14 de janeiro de 2017

A HISTÓRIA LOCAL É DE TODOS

MÓNICA AUGUSTO
Muitos são os que se dedicam ao estudo das tradições, usos e costumes da sua região. Movidos pela curiosidade, pelo gosto pelo passado ou pela busca das suas origens encetam trabalhos de pesquisa e de reunião de dados que convergem em trabalhos de grande interesse e relevância. Muitas vezes este tipo de trabalhos são desvalorizados e vistos apenas como meros relatos. É certo que o método científico utilizado pelo historiador académico não é integralmente aplicado, é certo que os procedimentos exploratórios, de recolha de dados e de cruzamento e crítica de fontes não são seguidos à risca, mas também é certo que estes relatos contribuem para a manutenção e preservação da memória coletiva e do património imaterial das comunidades e que constituem, por si só, fontes para os estudos académicos. Não raras vezes as monografias locais são o ponto de partida para investigações académicas aprofundadas, fornecem elementos que permitem avançar numa determinada direção.
O estudo da história local tem conhecido nas últimas décadas um forte incremento, várias iniciativas têm sido levadas a cabo no sentido da promoção do local, quer pelas instituições de ensino superior, quer pelas autarquias. Várias dissertações e teses têm desenvolvidas, mas também várias obras levadas a cabo por habitantes curiosos e interessados pela história da sua comunidade têm sido publicadas. Umas e outras merecem igual mérito uma vez que o objetivo final é o mesmo: conhecer e dar a conhecer a história de um determinado local. Umas e outras, embora utilizando métodos diferentes, contribuem para que o passado de uma comunidade se mantenha vivo, para que as próprias tradições, usos, costumes, enfim, o património imaterial, seja promovido.

A busca pela identidade de uma comunidade ultrapassa a barreira da relevância científica, é emocional. Quando reunida, a comunidade aprecia relembrar o passado mais ou menos longínquo, seja através das lendas, das tradições ou do engrandecimento do papel dos antepassados em algum momento relevante da história. Cabe a todos registar estes elementos para que não se percam, cabe ao historiador seguir o método científico e comprovar ou refutar. Para as gerações vindouras que pretendam estudar a história local todos os registos constituem fontes fundamentais que merecem igual admiração e respeito.

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