segunda-feira, 24 de abril de 2017

APRENDER A VIVER COM A DIABETES

MARIA CERQUEIRA
A diabetes foi uma das primeiras doenças a ser descrita. Fala-se da existência de um manuscrito Egípcio datado de 1500 a.C. que faz referência a um "esvaziamento muito grande de urina". 

Pensa-se que os primeiros casos descritos sejam de diabetes do tipo 1. Por volta da mesma época, a doença foi identificada por médicos Indianos, que a designaram como "urina de mel" depois de repararem que a urina diabética tinha a particularidade de atrair formigas. No entanto, o termo "diabetes" só viria a ser introduzido em 230 a.C. pelo Grego Apolónio de Mênfis. A doença era rara durante o Império Romano, Galeno chegou a comentar que durante toda a sua carreira tinha observado apenas dois casos. 

A separação dos tipos 1 e 2 de diabetes enquanto condições médicas distintas foi feita pela primeira vez pelos Indianos Sushruta e Charaka durante o século V d.C., associando o tipo 1 com a juventude e o tipo 2 com o excesso de peso. O termo "mellitus", ou "do mel", foi acrescentado pelo Britânico John Rolle no fim do século XVIII, de forma a separar esta condição da diabetes insipidus que está igualmente associada com a micção frequente. O primeiro tratamento eficaz só viria a ser desenvolvido já no início do século XX, depois dos CanadianosFrederick Banting e Charles Best terem descoberto a insulina em 1921. 

A Diabetes é um problema de Saúde Pública que resulta, muitas vezes, da forma como vivemos e dos hábitos que adquirimos. O número de pessoas com diabetes está a aumentar em todo o mundo e naturalmente, Portugal não é exceção. Se existem atualmente entre nós cerca de 400.000 diabéticos, iremos provavelmente ter no ano 2025 perto de 700.000 (em 2010 cerca de 26% da população portuguesa entre os 20 e os 79 anos tinha Diabetes). Este aumento, é devido fundamentalmente à diabetes tipo 2, é um problema alarmante em termos humanos, sociais e económicos.

A Diabetes é uma doença que não tem cura e é responsável por várias complicações que diminuem a qualidade de vida, podendo provocar a morte precoce. No entanto, o avanço nos tratamentos e a compreensão da doença permite aos diabéticos levar uma vida praticamente normal. Na maior parte das vezes, o cuidado com a alimentação e a prática regular de exercício são suficientes para evitar a doença ou para a manter controlada.

Vamos falar da Diabetes tipo 2 pois é, sem dúvida, o tipo mais comum de Diabetes e representa cerca de 90-95% de todos os casos de diabetes a nível mundial. Embora esta doença tenha uma componente hereditária, a Diabetes tipo 2 pode ser prevenida controlando os fatores de risco e que são:
Dieta desequilibrada;
Obesidade;
Ingestão excessiva de gorduras e açúcares;
Falta de atividade física;
Consumo de álcool e tabaco.

A Diabetes tipo 2 se não for convenientemente tratada e valorizada, pode conduzir a diversas complicações levando a uma incapacidade permanente ou morte, entre as quais:
Doenças cardíacas;
Insuficiência renal;
Lesões neurológicas;
Doenças oculares que podem levar à cegueira;
Doenças digestivas;
Síndrome do pé diabético, que pode obrigar à amputação.

Estas complicações podem ser evitadas através do diagnóstico precoce e da promoção de estilos de vida saudáveis, mas, infelizmente, a diabetes não só é frequentemente diagnosticada tarde demais, como também 50% das pessoas com diabetes ignoram que têm a doença ou não a valorizam. Tratam-na como se ela fosse inofensiva…mas não é…não dói mas destrói.

Uma alimentação equilibrada está indicada para todos os que prezam a saúde. Mas se pertence a um dos grupos de risco ou se tem diabetes, uma alimentação correta constitui o pilar principal na prevenção do seu aparecimento ou no seu controlo, bem como na prevenção do aparecimento ou desenvolvimento das complicações agudas e crónicas. O cumprimento de um programa equilibrado contribui decisivamente para um melhor controle da diabetes, quer em pessoas que fazem tratamento com anti-diabéticos orais quer nas que fazem insulina, um bom programa alimentar é essencial e, em muitos casos, torna-se mesmo suficiente para a compensar.

Os três principais pilares no tratamento da Diabetes são:

1. Alimentação adequada
2. Exercício físico
3. Medicação (insulina ou comprimidos), se necessário

A alimentação das pessoas diabéticas não é uma alimentação especial, a alimentação dos diabéticos deve ser tão equilibrada, variada e completa como a alimentação de qualquer indivíduo saudável, não havendo lugar para alimentos completamente proibidos apenas podem ser uns mais restritivos que outros. 

À luz do conhecimento atual, não se justifica encorajar as pessoas diabéticas a não comer hidratos de carbono. De facto, é importante que incluam na alimentação diária o consumo de frutos, hortaliças, cereais, grão e leguminosas, ricos em hidratos de carbono, mas igualmente ricos em fibra alimentar, vitaminas, minerais, antioxidantes e outras substâncias protetoras.

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