sexta-feira, 2 de junho de 2017

OS LOUROS DE MÁRIO CENTENO

JOÃO RAMOS
A saída de Portugal do procedimento de défice excessivo, a revisão do crescimento económico em alta e a redução do desemprego levaram a que, o ministro das finanças alemão comparasse, obviamente em tom elogioso, Centeno a Cristiano Ronaldo. Este pequeno elogio gerou críticas vindas dos partidos da direita, nomeadamente de Marques Mendes, que acusou Mário Centeno de utilizar a pasta das finanças para construir uma carreira em cargos de relevo na União Europeia. Dificilmente se compreende, como é que um ministro que defendeu um orçamento que não sendo inteiramente seu, foi amplamente criticado por Bruxelas, que aceitou representar uma coligação altamente descredibilizada junto da Comissão Europeia, que “bateu o pé” à Alemanha recusando impor medidas retificativas de austeridade e que sobretudo foi espezinhado ao longo do ano, pela previsões do Eurostat, seja agora acusado de se autopromover e tentar agradar ao Ministro das Finanças, Schauble. Curiosamente, o mesmo Marques Mendes, não viu atitude semelhante em Vítor Gaspar, que aplicou um orçamento duríssimo, exatamente à medida dos seus comparsas de Bruxelas, aparecendo frequentemente aos abraços com figuras comunitárias que criticavam e criticam sistematicamente Portugal e os Portugueses. Além disso, como é sabido o cargo de presidente do eurogrupo é meramente simbólico e resume-se a agendar reuniões, destacar tópicos de discussão e anunciar publicamente os resultados das conjuras. Assim sendo, os únicos cargos que poderiam interessar a Mário Centeno encontram-se no Banco Central Europeu e apenas poderão ser exercidos, após a sua saída do atual governo.

Por outro lado, os partidos mais à esquerda optaram por retirar mérito ao nosso ministro das finanças salientando, que nenhuma das suas propostas iniciais foi inserida no orçamento. Porém, não devemos esquecer que o seu excelente desempenho na redução da despesa pública, no corte das consumos intermédios (vulgo, gorduras do Estado) e na reforma da metodologia de elaboração do orçamento de Estado, ao conceder maior autonomia aos organismos, na redução dos seus gastos, que anteriormente eram discutidas à porta fechada, em gabinetes do Ministério das Finanças. Em Portugal acontece sempre o mesmo. Se os resultados da governação fossem um desastre a culpa seria de Centeno, que falhara previsões, que não fora capaz de encontrar alternativas viáveis etc. Como as coisas correram bem, o mérito é reivindicado por todos, desde António Costa, passando por Passos Coelho e terminando em Nossa Senhora de Fátima.

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