domingo, 13 de agosto de 2017

MUDAM-SE OS TEMPOS

LÚCIA LOURENÇO GONÇALVES
“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”… diz o ditado e com razão.

Há uns dias, ao “passear-me” por uns álbuns antigos dei por mim a recordar tempos idos… A dada altura deparei-me com uma foto na qual, acompanhada de uma amiga e após termos perdido um comboio, esperávamos calmamente pelo comboio seguinte, sem qualquer vestígio de aborrecimento nos rostos sorridentes. Claro, estar na casa dos vinte anos e sem obrigações familiares também ajudou, mas não só! Pelas nossas expressões devemos ter aproveitado para colocar “a conversa em dia”… A chegada a Resende? Essa deu-se um pouco mais tarde, apenas. Claro que poderíamos ter ido a uma cabine telefónica e avisado os meus pais, mas não havia esse hábito, o tempo e os passos dados não eram controlados a todo o instante. Vivia-se o momento, convivia-se, eramos gente a conviver com gente. Pessoas com alma… Pessoas, simplesmente!

À medida que se avançou e alargou horizontes, por exemplo com o avanço das redes móveis de comunicação, perdeu-se em espontaneidade, quase me atrevo a dizer, nalguns aspetos em qualidade de vida. Hoje há quem fique em estado de ansiedade se ficar incontactável, transformando a vida num controlo descontrolado.

Claro que também aderi às novas tecnologias, tornou-se quase obrigatório, mas não vivo “escrava” delas. Muitas vezes dou por mim na rua tendo deixado o telemóvel em casa. A única preocupação? As horas! Perdi o hábito de usar relógio, logo preciso do telemóvel para me orientar no tempo cronológico, não para estar constantemente contactável!

Com os meus filhos passou-se o mesmo, por decisão familiar, tiverem o seu primeiro telemóvel quando passaram a frequentar o 5º ano e porque deixaram de frequentar o CATL e passaram a ir para casa após as aulas. Tinham dez anos! Mas foram instruídos a ligarem apenas em caso de urgência e, como é evidente, um caso urgente é algo que sai dos padrões ou planos estabelecidos por cada família, afinal a ideia não foi controlar os seus passos.

E os assuntos do dia continuaram a ser conversados há hora do jantar, transformando este momento do dia num encontro de experiências… Contudo, entendo que cada família, cada pessoa, organize a sua vida da forma que mais lhe convém e melhor se adapte às suas necessidades. Eu prefiro que os meus filhos sintam a liberdade de não precisar dar-me conta de todos os passos no momento que estão a acontecer. Prefiro ouvir as suas aventuras, ou desventuras, olhando bem nos seus rostinhos. É bem mais interessante e pessoal!

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