segunda-feira, 18 de novembro de 2013

A CIÊNCIA QUE PODE SALVAR VIDAS

O dia 24 de novembro é o “Dia Nacional da Cultura Científica”. De forma a assinalar esta data, o projeto “Ciência Viva”, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, tem vindo, anualmente, desde 1999, a organizar a “Semana da Ciência e Tecnologia”. A 14.ª edição teve início esta segunda-feira, dia 18 de novembro, e prolongar-se-á até ao próximo domingo, dia 24.
Ao longo de sete dias, instituições científicas, universidades, escolas e museus abrem as portas, proporcionando à população oportunidades de observação científica e de contacto pessoal com especialistas de diferentes áreas do conhecimento, como é o caso da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

A Bird Magazine marcou presença numa das palestras agendadas pela universidade – “A Matemática do Planeta Terra… na UTAD”.

António Fontainhas Fernandes, Reitor da UTAD
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António Fontainhas Fernandes presidiu à sessão de abertura do evento, onde realçou a importância desta semana para a academia transmontana: “Que ciência se faz? O que se investiga? Quais os resultados? Estas iniciativas dirigem-se aos jovens, incutindo neles um pensamento livre, reflexivo e crítico – mas também a divulgação junto da comunidade”. Para o reitor da UTAD é “fundamental manter o acesso à ciência neste arco interior, numa inter e transdisciplinaridade, entre os centros de investigação e as comunidades educativas”.
No ano em que se comemora o “Ano Internacional da Matemática do Planeta Terra”, o Centro e Departamento de Matemática organizou esta palestra, aberta a toda a comunidade. Luís Roçadas, professor do Departamento, destacou a importância desta área de estudos: “Dentro e fora da UTAD, há que saber enfrentar os desafios do planeta Terra, captando para isso a atenção dos alunos. Afinal, a Matemática está em todo o lado”, relembra o docente. 

Uma das oradoras convidadas, Adélia Sequeira, do Instituto Superior Técnico de Lisboa, deu a conhecer algum do seu trabalho que tem vindo a desenvolver desde o ano de 2000 – A matemática do sistema cardiovascular – em parceria com neurocirurgiões dos Hospitais de Santa Maria e da Universidade de Coimbra. 
A nossa reportagem foi conhecer o trabalho da investigadora. 

Sabia que todos nós desenvolvemos aneurismas cerebrais?


O aneurisma é um dos mais implacáveis inimigos do cérebro. Quando rebenta não avisa e mais de 50% dos doentes morrem, ficando os sobreviventes com sequelas irreparáveis. 
Com a finalidade de melhor entender o sistema cardiovascular e as suas patologias, que são a maior causa de morte no mundo inteiro, Adélia Sequeira e uma equipa de investigadores têm vindo a trabalhar numa tecnologia para chegar à cura a tempo e sem operação. 
Adélia Sequeira
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Para a especialista, “a medicina é uma área multidisciplinar: os médicos precisam da colaboração de vários especialistas. É aí que nós atuamos. Porém, não podemos chegar aos clínicos com equações matemáticas, é necessário criar modelos fidedignos, imagens que captem a atenção”, explica. 
Uma das causas do aneurisma é a aterosclerose (o desenvolvimento de depósitos gordurosos nas artérias). “Apesar de o sangue ser o mesmo, o seu comportamento é diferente de acordo com o tipo de vasos onde circula. Daí, ser necessário saber escolher os métodos numéricos mais adequados para cada caso, primeiramente, simulados em laboratório e só depois aplicados ao doente”.  
Através de uma angiografia consegue-se identificar as placas de aterosclerose que podem provocar uma estenose da veia, levando à formação do aneurisma. “A introdução de um stent na artéria, apesar de ser um método invasivo, é eficaz, antes de se recorrer logo à cirurgia”, adverte Adélia Sequeira. Um stent é um género de tubo que vai restabelecer a circulação sanguínea, evitando que o sangue continue a exercer pressão sobre as paredes do vaso sanguíneo onde se formou a dilatação, o aneurisma.

Marta Leite Castro e José Carlos Malato
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O conhecido apresentador da RTP, José Carlos Malato, foi operado ao coração no passado dia 8 de novembro, no hospital da CUF Infante Santo, em Lisboa. De acordo com o comunicado emitido pela estação de televisão pública, o apresentador “foi submetido nessa madrugada a uma coronariografia com a colocação de três stents, em virtude de um problema do foro cardíaco”.
A verdade é que “todos nós desenvolvemos aneurismas cerebrais, por exemplo. O que acontece é que uns são pacíficos e não dão problemas e, outros desenvolvem-se. Na maioria dos casos, só depois de um acidente, em que é necessário fazer uma ressonância magnética, por exemplo, é que se pode detetar atempadamente o mesmo”, clarifica Adélia Sequeira. 

É na base da investigação científica que se aperfeiçoam, se desenvolvem novas técnicas ligadas quer à medicina, quer a outras áreas do conhecimento. Consciente desta realidade, a organização da “Semana da Ciência e Tecnologia” da UTAD criou um programa multidisciplinar, que permitirá o contacto com a ciência e a tecnologia da contemporaneidade. 

1 comentário:

  1. Belíssimo artigo.
    A ciência é, por si, multidisciplinar. Estamos lutando para que a Ecologia Sonora faça parte do currículo dos cursos de educação musical. Aqui, no Brasil, nosso povo sofre de "surdez voluntária", ou seja, o mercado de "lixo" sonoro invade os meios de comunicação. A Interface entre ciência e arte já foi construída; Pitágoras, Da Vinci; façamos nós a nossa parte...Parabéns pelo profícuo texto.

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