quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

POR QUE NÃO FAZER HOJE, O QUE PODEMOS FAZER AMANHÃ?

Nuno Meireles
DR
O Natal está à porta e mais uma vez, como é habitual, os portugueses vão deixar as compras para os últimos dias.
O deixar tudo para a última é uma das características dos portugueses que mais me faz confusão. Eu sei que muitas vezes faço o mesmo e não posso criticar muito os outros, mas que esta característica tão nossa me faz pensar, isso faz.
António Variações, na sua música “É p’ra amanhã”, descreve na perfeição o que nós somos na realização de tarefas. Pagar impostos tem vários dias para ser feito, fazemos sempre no último dia e se for na última hora tanto melhor; temos um trabalho ou um relatório para fazer com meses para o cumprir, optamos sempre pelo últimos dias; nos nossos empregos acontece exatamente o mesmo, o patrão diz-nos para realizar determinada tarefa e deixamos correr o tempo ao máximo para pôr-mos em prática o que nos foi pedido. Engraçado, é que até os nossos governantes sofrem deste ‘síndrome’ do deixar andar, qual o governo que entregou, por exemplo, o Orçamento de Estado antes do último dia? Ultimamente até tem sido entregue nas horas finais.
Contra factos não há argumentos. Nós portugueses não gostamos nada da pontualidade. Marca-se um determinado evento ou até um encontro, chegamos quase sempre para lá da hora marcada.
Na realização de tarefas, António Variações chama-nos à atenção para algo que esquecemos e que devíamos ter sempre em mente. Diz ele: «É p'ra amanha
/ Bem podias viver hoje / Porque amanha quem sabe se vais cá estar / Ai tu bem sabes como a vida foge / Mesmo que penses que esta p'ra durar». Há maior verdade que esta? Quem tem a garantia que amanhã estará cá? Então porque teimamos deixar tudo para a última ou até adiarmos?
Tenho falado nos afazeres que temos no nosso dia-a-dia mas o mesmo se aplica ao dizermos o que desejamos a quem nos rodeia. Porque adiamos a dar um beijo a quem nos é especial? Porque adiamos dar um abraço a um amigo ou um familiar? Porque adiamos dizer ‘amo-te’ a quem temos no coração? Porque adiamos para surpreender alguém que amamos, seja com a oferta de flor, um ato de carinho ou até pegar na pessoa e ir jantar a um sítio especial?
Se deixarmos de adiar o que podemos fazer hoje, é quase garantido que viveremos mais felizes, com mais tempo para nós e para quem amamos.
Pensem nisso.

Bom Natal!

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