quarta-feira, 4 de março de 2015

ALGUÉM ME SABE DIZER A QUE HORAS COMEÇA O FESTIVAL?

PAULO SILVA
Assistimos pelos dias que correm, às meias-finais daquele que já foi um dos (senão mesmo o maior) acontecimentos musicais do ano – o Festival RTP da Canção.

Criado em 1964, com o nome de Grande Prémio TV da Canção Portuguesa, tinha como objetivo escolher o primeiro representante de Portugal ao Concurso Eurovisão da Canção que havia sido criado em 1956. O primeiro vencedor, foi aquele que era à data considerado o Rei da Rádio – António Calvário. O tema, de seu nome “Oração”, tinha letra de Francisco Nicholson e Rogério Bracinha, para uma música de João Nobre. Esta designação, manteve-se até ao ano de 1975, tendo nos três anos seguintes adotado a denominação de "Uma Canção Para A Europa", "As Sete Canções" e "Uma Canção Portuguesa", respetivamente. A partir do ano de 1979, adotou a denominação que ainda hoje mantém. Ao longo da sua existência, apenas em três momentos não se realizou – em 2004 (o representante português foi escolhido através da Operação Triunfo), 2005 (os representantes foram escolhidos por uma comissão) e em 2013 (em que não houve nem Festival nem representantes no Festival da Eurovisão).

De entre a galeria dos vencedores, encontramos grandes nomes da música portuguesa como Simone de Oliveira, Carlos do Carmo, Carlos Mendes, Paulo de Carvalho, José Cid, Fernando Tordo, entre outros, a par de alguns ilustres desconhecidos que tiveram os seus “cinco minutos de fama” e, tão depressa como apareceram, desapareceram. Quem ainda se lembra de nomes como o Duo Nevada, a Liana, os MTM ou a Filipa Sousa, para apenas falar nos mais recentes?

Relembrando algumas das canções vencedoras, é inevitável falar de temas como Ele e Ela de Madalena Iglesias, a Desfolhada Portuguesa de Simone de Oliveira (com o marcante e polémico “quem faz um filho/fá-lo por gosto”), a Tourada de Fernando Tordo (mais uma letra genial do grande poeta José Carlos Ary dos Santos), não esquecendo o “E Depois do Adeus” de Paulo de Carvalho (que ficará para todo os sempre ligado à história da democracia portuguesa, pelo papel que desempenhou na Revolução dos Cravos). 

Da história mais recente, ficaram na memória temas como Lusitana Paixão de Dulce Pontes, Cidade (até ser dia) de Anabela, Chamar a Música de Sara Tavares e aquela que obteve a melhor classificação de Portugal na Eurovisão (6º), O Meu Coração Não Tem Cor de Lúcia Moniz.

A introdução do televoto nos Festivais, veio de alguma forma subverter o processo de escolha dos vencedores, privilegiando os que angariam mais telefonemas em detrimento dos que apresentam a melhor qualidade. Esta situação tem, em minha opinião, maior expressão no Festival da Eurovisão, atirando belíssimas canções com Senhora do Mar de Vânia Fernandes ou Todas As Ruas do Amor dos Flor-de-Lis para o esquecimento. Cá dentro, a título de exemplo, proporcionou uma vitória aos Homens da Luta, levando-os a representar Portugal na Eurovisão. 

Certamente já reparou que a prosa já vai longa e ainda não fiz uma única referência às 6 canções apresentadas na primeira meia-final. Acerca delas, direi apenas o que escrevi na hora em que acabeis de as ouvir, no meu perfil de uma rede social:

Alguém me sabe dizer a que horas começam as canções do Festival da Canção?

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