quarta-feira, 29 de junho de 2016

CRIANÇAS ESPECIAIS PARA PAIS ESPECIAIS

MÁRCIA PINTO
Todos os pais desejam ter um filho sem nenhuma deficiência. Antes mesmo de engravidar, é comum imaginarem como será o novo membro da família, conversam sobre possíveis características físicas e psicológicas, qual a profissão que poderá ter quando crescer e se o bebê será mais parecido com a mãe ou com o pai. Mas, quando o ‘bebê real’ é muito diferente do ‘bebê imaginário’ a mente e o coração do casal começam a ser invadidos por um misto de sentimentos: o medo, a raiva, a culpa, a compreensão do motivo de isso estar a acontecer com a família, o desespero, a ansiedade, entre outros sentimentos podem aparecer durante o período pré e pós-natal.

A especialista em desenvolvimento infantil da Fisher Price, Teresa Ruas, diz que todas as famílias passam por um período de ‘luto’ diante de um acontecimento ``complicado´´, como a descoberta de uma deficiência no filho. "Nesse momento, os mais difíceis sentimentos e sensações poderão entrar em ação até que esse ``luto´´ possa dar lugar a outros sentimentos como o otimismo, a esperança, a fé, o carinho e o amor acima de qualquer coisa e, assim, aos poucos, sendo possível reconhecer, amar e aceitar qualquer condição que o filho apresenta", explica. Esse sentimento de "luto", como a especialista chama, não é falta de amor, mas um sentimento de revolta contra todas as situações que os pais começam a imaginar que a criança terá que enfrentar durante a vida, porque sonharam com um mundo perfeito e sem barreiras para aquele ser que agora é quem mais amam no mundo.

No entanto, é normal que a adaptação não seja fácil e aí a família e os amigos têm um papel importante neste processo. Evitar frases como: “Tudo acontece pelo melhor” ou “Crianças especiais só são dadas a pais especiais”. Por favor, não usem clichês. Declarações como estas parecem minimizar a experiência de um pai, pois, implica que ele tenha de ser capaz de lidar bem com a situação… e nem sempre é assim. Substitua-as por: “Existe alguma coisa que eu possa fazer para ajudar?” ou “Estou aqui para o que precisares” Às vezes, os pais só precisam de desabafar. É bom ter amigos com quem partilhar os sentimentos.

Deste modo, a vida vai ser diferente com uma criança especial, mas pode ser uma experiência muito feliz se estiver aberto à grande jornada de aprendizagem e evolução, se estiver disposto a quebrar todas as barreiras, se estiver pronto para se desconstruir e se redescobrir como pessoa, mãe, pai. Quando essa etapa é superada, uma nova vida se inicia, com outras cores, outros sabores e outras experiências. Os sentimentos acalmam. Começa a perceber que pode e deve fazer a diferença na vida de outras crianças, outros pais e uma corrente de ajuda e apoio iniciar-se-á, se pensarmos que a vida é feita de amor, ajuda, aprendizagem e grandes experiencias.

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