quarta-feira, 20 de julho de 2016

DO OPORTUNISMO DE DURÃO BARROSO À REAÇÃO EXEMPLAR DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

“Ontem, 19 de Julho ficámos a saber que o “Goldman Sachs”, banco para onde Durão Barroso vai trabalhar fechou o segundo trimestre do ano com um aumento dos lucros de 74%, e um resultado líquido de 1,82 mil milhões de dólares (1,6 mil milhões de euros), ou 3,72 dólares por acção, o que compara com os 1,048 mil milhões de dólares registados um ano antes, revelou o banco, citado pela Bloomberg”

MIGUEL TEIXEIRA
O Editorial do prestigiado jornal francês Le Monde, do passado dia 11 de Julho, dá relevância à contratação de Durão Barroso como “chairman” não executivo do Goldman Sachs qualificando o ex. Presidente da Comissão Europeia como “O anti- europeu”. No mesmo texto , o “Le Monde” diz que “a chegada de Barroso à Goldman Sachs traduz a pior imagem que se instalou na Europa de uma relação incestuosa entre o poder político e a finança privada”.

Depois disso têm sido várias as críticas à ida de Durão Barroso para a Goldman Sachs, vindas de França, de Inglaterra, da Suíça, da própria Comissão Europeia, da sua própria “família política” e até de um companheiro de partido, José Eduardo Martins que referiu à RTP que “ele ( Durão Barroso) fez mal, defendendo que “a passagem de Durão Barroso da Comissão Europeia para a Goldman Sachs deixa nas pessoas a impressão que as paredes são muito finas, entre a política e a finança. José Eduardo Martins lembrou que a União europeia paga reformas milionárias aos seus ex. políticos e que esse facto deveria ser suficiente para impedir este tipo de situações”

É nessa perspetiva que existe uma petição que está a decorrer interposta pelos funcionários da Comissão Europeia para que seja subtraída a Durão Barroso a pensão que aufere de 130 mil euros por ano, que foi atribuída de forma vitalícia por Bruxelas por força dos anos em que liderou a Comissão Europeia.

O "Goldman Sachs", banco de investimento do qual Durão Barroso vai ser "chairman" é conhecido como "A Firma" (the firm). Enquanto o mundo se debate com crises financeiras, a Goldman sobrevive, prolifera, enriquece e cresce em poder com a crise económica e a miséria dos povos, vergados a políticas de austeridade, por meio de "chicote". Com um currículo pouco recomendável, o Goldman, foi multado este ano pelo governo dos Estados Unidos no valor "record" de 5,5 mil milhões de euros por más práticas bancárias e outras “vigarices” que levaram milhares de pessoas à miséria durante a crise mundial de 2008. Em sentido inverso às críticas, os amigos e admiradores de Durão Barroso como Passos Coelho e Santana Lopes, vieram a público defendê-lo dizendo que ele tem todo o direito de aceitar o lugar. Pois tem, digo eu. E eu tenho todo o direito de pensar que ele não precisava nada disto, porque ganha muitas dezenas de milhares de euros por mês em mais de quatro dezenas de cargos de consultadoria e outros, que desempenha presentemente. E tenho todo o direito de pensar que um homem que foi Primeiro-Ministro do meu país e presidiu à Comissão Europeia, saindo da vida política poderia colocar toda a sua experiência ao serviço de causas e valores humanos e sociais. Veja-se o exemplo de Al Gore, ex. vice- presidente dos estados Unidos da América, na área do ambiente, António Guterres na área dos refugiados, para não citar o caso de outros ex. governantes que optaram por colocar os seus enormes conhecimentos ao serviço de causas humanitárias. O próprio Marcelo Rebelo de Sousa quando questionado sobre o que pensava, respondeu com enorme classe numa frase. "JMDB chegou ao cume da sua vida empresarial". É isso mesmo. Alguém que durante grande parte da sua vida, num período tão longo, foi Deputado, Ministro, Secretário de estado, líder de um dos dois maiores partidos portugueses , primeiro-ministro e Líder da Comissão Europeia, ser recordado para a posteridade, não como um político humanista e de causas, mas como um "homem de negócios", não é propriamente o melhor "cartão de visita".Sendo que o único cargo bancário que se conhece a Durão Barroso, foi o de ter sido consultor em regime de avença do Banco Espírito Santo, liderado por Ricardo Salgado. De facto Durão Barroso ao ter aceite presidir a uma empresa/Banco como o Goldman Sachs, terá encontrado um cargo à medida da sua dimensão como ser humano.

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