quinta-feira, 21 de julho de 2016

ISLAMIZAÇÃO, OSTRACIZAÇÃO, MODERAÇÃO E OUTRAS TEORIAS

LUÍSA VAZ
Estes últimos dias têm sido profícuos em acontecimentos dantescos. Na França, em Nice, um atentado mata 84 pessoas. Na Alemanha, em Wuerzburg, um jovem leva a cabo um ataque com um machado e fere 21 pessoas. Em ambos os casos o Daesh já reivindicou os ataques embora ainda só esteja estabelecida uma ligação com o jovem afegão que levou a cabo o ataque no comboio regional alemão. No caso francês, aponta-se uma radicalização rápida do jovem e segundo fontes policiais, o ataque foi “premeditado” e o jovem ensaiou o percurso nos dois dias anteriores tendo sido captado pelas câmaras de vigilância da Cidade. A pergunta que se imporia era se ninguém achou estranho dado que eram esperados milhares de pessoas para a Comemoração do Dia da Bastilha e o trânsito estaria cortado na Avenida dos Ingleses.

Ambos os casos são deveras preocupantes. Jovens sem objectivos de vida e com aparentes problemas financeiros resolvem (ou são usados pelo Daesh) levar a cabo ataques terroristas e o Daesh agradece a publicidade e o medo que se vai instalando em cada uma das vítimas deste monstro silencioso que cresce no meio de nós.

Nos EUA, vários polícias têm sido mortos em confrontos raciais mas disso pouco se fala. Em abono da verdade, deve ser dito que os EUA continuam presos na “sua” Idade Média no que toca às relações entre brancos e negros, o que é no mínimo de lamentar pois isto já há muito que deveria ter sido ultrapassado.

Mas como tantas notícias más não são suficientes, ainda temos o caso turco e o seu Golpe Militar falhado. Falhado ou encenado, essa resposta ser-nos-á trazida pelo tempo e pelo desenrolar dos acontecimentos.

Temos visto pela ligeireza com que acontecem os atentados um pouco por todo o Mundo que a vida humana pouco vale, falta saber se cerca de duas centenas de vítimas garantem mais uns anos de Poder a Erdogan mas vejamos os números e não nos esqueçamos que estamos a falar de um País com pretensões europeístas e dado o seu volume populacional, a UE não terá problemas em analisar a questão somente pelo ponto de vista económico pois o mercado é apetecível. Mas prestemos atenção:

O movimento islâmico, ao longo de vários dos anos, nas eleições da Turquia, conseguiu subir paulatinamente os seus resultados em todas elas.

“Em 1987, tiveram 8%, em 1991, subiram para 16%, em 1997, alcançaram 21%, em 2002, 34%, em 2007, 46%, e em 2011 um máximo de sempre de 50%, e tudo indica que nas próximas consigam ainda aumentar estes últimos resultados.

O movimento islâmico, conseguiu assim, chegar ao controle de todas os órgãos do Estado, pela via democrática, de acordo com os padrões da Turquia. Ou seja, a suposta radicalização da Turquia, está a ser resultante das escolhas livres da maioria do povo turco.

Isto só pode ser entendido como um processo de "radicalização", quando visto à luz dos padrões de democracia e sociedade das civilizações do Ocidente, pois se for analisado com base nos padrões do Islão, isto não é nada de anormal, mas sim o seu Estado normal, natural, e aceite de forma livre pelos que professam o Islão.

A tudo isto, a União Europeia e os EUA, assistem de forma passiva, e até acolhedora, pois não só continuam a reforçar alianças já existentes, continuam a forjar novas alianças, como continuam a fazer concessões de toda a ordem a este regime da Turquia.

E tudo isto na mais disparatada esperança do Ocidente, que o povo turco não se queira "radicalizar", como se isso fosse possível, junto de um povo que tem maioritariamente e livremente escolhido esse caminho.

E tudo isto porquê? Porque a religião muçulmana e o controle e posse do Estado, confundem-se e são parte integrante e indivisível, para os que professem o Islão, seja ele radical ou moderado, como se moderado fosse uma coisa possível de existir, entre os que sigam correctamente o Islão.

O que tem sido uma situação completamente artificial e até contra natura, ao longo de todos estes anos, e motivo de contradição, é termos tido uma Turquia, com um Estado laico, e com uma separação de poderes políticos e do Estado, e de religião do Islão. A excepção é pois o Estado Laico, e a regra é o Estado Islâmico, e quem pensa o contrário, desconhece o que é o Islão. A situação natural, e tendencial, em países e povos que professem a religião muçulmana, seguidores do Islão e do Corão, é a que tendencialmente e paulatinamente estamos a ver tomar conta da Turquia.” 


Temos então aqui um denominador comum: a ligação de todos ao Mundo Islâmico e o aproveitamento do Daesh destas situações que lhe garantem financiamentos e ganho de peso internacional por via do medo e do terror.

A definição de Terrorismo diz-nos que: O terrorismo é a dominação pelo terror. Essa dominação verifica-se em actos violentos cujo fim é semear o terror. O terrorismo, por conseguinte, procura coagir e pressionar os governos ou a sociedade em geral para impor os seus apelos e as suas proclamações.

O terrorismo pode ser exercido por diversos tipos de organizações sociais ou políticas, tanto da direita como da esquerda. Este tipo de acções pode até ser exercido por grupos pouco organizados.

A violência política do terrorismo desenvolve-se fora do contexto de uma guerra. Por isso, combater o terrorismo e levar os terroristas a tribunal são tarefas muito difíceis para um governo.

A definição do conceito não é precisa e pode variar consoante os interesses de quem o pronuncia. É comum um político acusar um opositor de terrorista pelo simples facto de este não concordar com as suas ideias. O terrorista, por outro lado, tende a negar a sua condição, defendendo o uso da violência como legítima defesa.

Na Argentina, a título de exemplo, a ditadura militar que tomou o poder em 1976, acusou de terrorismo a todo aquele que “difunde ideias contrárias à civilização ocidental e cristã”. Essa ideia tão ampla deixou do lado dos terroristas qualquer pessoa opositora ao regime, incluindo numerosas organizações pacíficas.

Após os ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001, o governo norte-americano estendeu a sua definição de terrorismo para incluir numerosos opositores. No caso da sua invasão ao Iraque, por exemplo, a resistência é acusada de terrorismo por alguns sectores e legitimada por outros.

Leia mais: Conceito de terrorismo - O que é, Definição e Significado http://conceito.de/terrorismo#ixzz4EuxV5PJq

Torna-se assim portanto difícil de distinguir se uma pessoa com perturbações pega num machado e grita; “Allah Ahkbar” é um terrorista ao serviço do Daesh ou um homicida. Torna-se difícil entender como é que alguém conduz uma carrinha durante dois dias pelo mesmo percurso e ninguém se questiona. Torna-se difícil perceber como é que um povo culto e informado como o turco não aprende com o nacional-socialismo de Hitler e insiste nestas decisões.

Podemos perguntar-nos se em cada muçulmano há um terrorista, ou um assassino melhor dizendo. Se como diz a definição supra: “A violência política do terrorismo desenvolve-se fora do contexto de uma guerra. Por isso, combater o terrorismo e levar os terroristas a tribunal são tarefas muito difíceis para um governo.” Mas se sairmos do espectro do terrorismo e passarmos para o do Direito, não deve ser difícil provar um assassínio em massa que é disso que se trata.

Nos idos anos 70 e 80, os “turras” eram os revoltosos. Os do IRA, da ETA os FP-25. Esses que lutavam dentro dos seus territórios em nome de uma causa ou de um ideal eram considerados “turras” ou “terroristas” mas eram julgados nos tribunais. Agiam em nome de uma organização, tal como agora, defendiam um ideal, tal como agora, provocavam mortes, tal como agora mas estavam confinados a um espaço físico.

O grande problema com que nos deparamos é o do Daesh ter “células” suficientemente autónomas espalhadas pelo Globo e os seus ataques serem, na grande maioria, inusitados causando uma onda de choque e revolta mas que não se transforma em nada na pratica. Não há apelo à guerra ou à vingança da morte dos inocentes, não há manifestações, nem nas ruas, nem nas redes sociais nem através de Petições. Há sim um silêncio ensurdecedor por parte dos familiares das vítimas e uma sensação de alívio por terem conseguido escapar.

Tudo isto está muito certo mas começa a chegar o momento de questionar. De questionar a abertura de fronteiras na Europa; de questionar a inexistência de uma Policia Comum que já deveria ter sido criada e está prevista; de questionar os refugiados, nomeadamente porque é que não vieram somente mulheres, crianças e idosos e temos cá jovens separados das famílias e homens em idade de estarem nas suas terras a lutar pela recuperação das mesmas e pelo fim do conflito. É hora de questionar onde anda a Intelligence e porque não funciona. Se temos países com as melhores Inteligence´s no seio da União, porque não servem o Primeiro Principio de se unirem e não partilham informação, esta é a questão que urgentemente necessita de resposta. O MI5, o MI6, a Scotland Yard e outros tantos serviços de Intelligence reconhecidos no Mundo deveriam estar a elaborar protocolos de trabalho conjunto por mais que a tecnocracia burocrática da UE o tente impedir.

Deveremos questionar-nos, cada um de nós, quanto tempo falta até sentirmos necessidade de agir. Enquanto for no território dos “ outros” por mais que seja o nosso “quintal”, não é directamente connosco mas já estava na hora de começarmos a exigir respostas e medidas severas quer punitivas para quem comete os actos quer de acção e resposta por parte das entidades competentes. Devemos questionar-nos também quanto à questão da ostracização: é possível que ambas as partes coabitem e isso será bem melhor do que ostracizarem-se porque isso em fim último significaria que uma erradicaria a outra. Talvez a solução seja deixar de negociar o petróleo em petro-dólares e arranjar outra moeda de troca mais equiparada entre as partes. Poderíamos também questionar-nos quanto ao facto de o Euro não ter ganho relevância suficiente ao longo dos anos para assumir esse desequilíbrio.

No entanto, e estando em cima da mesa e entrada do apetecível mercado turco para a UE, esta vem agora reiterar a sua condenação ao uso da pena de morte tentando pressionar o Governo turco para que não a utilize. A questão aqui são os costumes. Tanto no Mundo Islâmico como em alguns estados norte-americanos a pena de morte é o castigo máximo a atribuir a quem pratica determinados crimes e no caso muçulmano é a expressão última de Poder do regime face aos seus cidadãos. Tendo Erdogan o povo consigo, será difícil que recue nesta intenção mas aguardemos para ver de que são capazes os canais diplomáticos.

Quanto ao Daesh, numa medida mais humana, a asfixia financeira ajudaria a resolver a questão porque as células precisam de um Comandante por mais que depois possam agir por conta própria. Numa medida um pouco mais radical, algo mais severo e mais grave poderia ser feito e com repercussões bem mais pesadas.

Eu não quero acreditar que em cada muçulmano haja um assassino até porque nem todos – embora sejam poucos – professam o Islão ou podem fazê-lo de forma mais moderada mas estou certa que a maioria, incluindo os que professam, não se identifica com a forma de actuar do Daesh.

Tão ou mais grave do que tudo isto é tentar perceber como é que um jovem de 17 anos vê no suicídio a melhor saída para a sua vida. Deveríamos se calhar questionar-nos também quanto à Educação, Formação e Apoio que estamos a dar aos nossos jovens porque eu não vejo relatos de islamitas que hoje professam a Fé Cristã. Algo de muito errado se passa com a sociedade Ocidental actualmente e urge descobrir o que é.

Corte-se o acesso a essas páginas de internet; monitorizem-se sites que vendem explosivos e afins, trabalhe-se mais afincadamente a questão da Segurança mas acima de tudo, dê-se mais esperança aos nossos jovens para que eles percebam que não é porque a vida não corre como gostariam que eles têm o direito de ceifar vidas inocentes.

Repense-se, reformule-se, refunde-se. Sem estes três não há Lema que sobreviva e por este andar, nem europeu.

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