sexta-feira, 9 de setembro de 2016

SÓ SEI QUE NADA SAI

DUARTE NUNO VASCONCELOS
O papel sem nada pode ter tudo se, no fundo vazio, aparecer o silêncio vestido de branco ansioso por se despir.

Num tal contexto metafórico somos tentados a confundir os papéis; assim, esclareço "ab initio" que o sintoma mais comum que surge associado a este cenário é a obstinação, a que eu chamo "prisão de mente", na qual o indivíduo deve soltar as ideias e não se deve afeiçoar, excessivamente, às primeiras que tiver. 

Desbloquear é essencial, pois esta pequena provocação impede que a união entre a inspiração e a inteligência se mantenha contínua (originalidade).

Nesta página, contribuinte da angústia e simultaneamente desafiadora da alma criativa, impera a hesitação entre a tentação de descobrir o "meu ser" (personalidade) e a de tropeçar em influências inevitáveis, "o ser dos outros" (referências). 

O que está em jogo? O diálogo com a folha de papel em branco? Então, em vez de ficar à espera da linha perfeita, talvez arriscar ideias em plena soltura com a consciência do espaço e do tempo. Pode ser a solução...

Em branco nos surge também a vida, que poderá ser como a quisermos ou fizermos... desde que não apaguemos as suas melhores lições transformando em exímios traços todos os nossos sonhos.

Sem comentários:

Enviar um comentário