terça-feira, 10 de janeiro de 2017

O CONSTRUTOR DE PONTES

A. PATRÍCIO 
Segundo uns 1259, segundo outros 1262, no entanto, todos são unanimes no dia – 10 de Janeiro – em que faleceu o frade Gonçalo Pereira canonizado pelo povo como São Gonçalo de Amarante. Beato da Igreja Católica foi o centro de muitas, variadas e azedas questiúnculas entra as Ordens Beneditina e Dominicana, cada uma, reivindicando como seu o frade a quem, em vida, já os devotos e o povo anónimo via e ouvia como santo. Não é pois de estranhar que em 18-05-1279 (20 anos após a sua morte) Maria Johanis deixa alguns bens à Igreja de S. Gonçalo de Amarante “…mando ecclesie sancti Gondisalui de Amarante quartam morabitini”. 

Chamo-lhe construtor de pontes e com toda a propriedade pois, se construiu uma ponte física, em granito da região, ameada e com três arcos sendo o do meio “de avantajadas dimensões para a época”, que se manteve imponente mais de quinhentos anos, outras construiu, de carácter sentimental, moral e, por que não dizê-lo, de amor entre as gentes e os povos. 

Conciliador nato chamou à razão e uniu, com a sua palavra e exemplo, homens e mulheres que andavam arredados das lides e práticas da moral, dos bons costumes e da perseverança religiosa. Uniu vontades e continentes sendo hoje um dos santos mais venerados quer em Portugal como no Brasil, para lá levado nas naus dos descobri-mentos.

A sua Palavra reuniu rebanhos que andavam tresmalhados e, segundo a lenda, até os corações mais empedernidos e indiferentes e as mentes mais obtusas cederam à sua oportuna e objectiva vontade de servir. 

São Gonçalo de Amarante, o filho que pouco ou nada arrecadou de seus pais para além do nome, da honra e da fé é visto e venerado como o patrono das vastas proles e advoga em tudo que possa angustiar o homem.

O dia 10 de Janeiro é o dia em que, Amarante e São Gonçalo uniram as suas vidas para sempre e, como um enliço, aproximaram as margens de uma cidade e ligaram continentes. Prova disto são as lendas, mais que muitas, os milhentos mexericos brejeiros e as provas de fé e agradecimento que enchem igrejas e oradas com hinos e glórias. 



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