segunda-feira, 12 de junho de 2017

CULTURA POPULAR E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL

ALINA SOUSA VAZ

Abordar este tema nesta fase em que me encontro talvez pareça um pouco demagógico, por andar de
braços dados com um estudo sobre a cultura popular transmontano-duriense na perspetiva de António Cabral. Contudo, esta pesquisa científica é transporta, também, para um plano pessoal, pois sendo mãe de dois rapazes a minha forma de observar a cultura popular torna-se ainda mais peculiar, pois considero que eles, enquanto crianças, apenas têm benefícios no contacto direto com ela. 

Em momentos festivos, vai-se verificando, num ou outro momento, a inclusão por parte das escolas da Cultura Popular Portuguesa, através do uso de danças, de personagens em teatros, de músicas, de bailes e da literatura do folclore. Porém, considero essencial que ela faça parte dos programas educativos, pois além de fazer com que o aluno se interesse cada vez mais pelo assunto e se orgulhe da cultura do seu país, as atividades desenvolvem a concentração, o raciocínio e a coordenação, uma vez que a aprendizagem se faz por meio de jogos educativos, músicas, exercícios artísticos e das próprias festas tradicionais que as escolas promovem.

Defensora da importância da cultura popular no desenvolvimento infantil, considero que o papel dos pais, também, é preponderante para despertar o interesse dos filhos pela cultura popular. É fácil reunir um grupo de crianças e ensiná-las a preparar uma receita antiga de família ou pela altura do aniversário de um filho realizar jogos populares, como a corrida de sacos, jogo do farelo ou da farinha, da tração de cordas, jogo da vassoura ou o jogo do pino, por exemplo.

Os pais necessitam saber que a cultura é tudo aquilo que o homem produz e dá sentido à sua existência, seja de maneira material ou no campo das ideias. As produções resultam do modo como uma comunidade cria o seu vestuário, como compõe e dança as suas músicas, como se expressa por meio de gravuras, como cozinha, como cuida das suas doenças, organiza as leis e os seus valores.

Os pais necessitam saber que a cultura popular é produzida da relação do homem com a natureza (espaço físico que está inserido) e os seus semelhantes. Surge quando os indivíduos recriam usos e costumes típicos de um determinado povo, que mesmo sob influência de outras culturas, preservam inumeráveis hábitos que foram transmitidos e preservados oralmente de geração em geração. 

Desta forma, a escola deve ter como objetivo recolher e manter viva a cultura popular da sociedade em que está inserida. Os alunos através de pesquisas podem descobrir porque agem e vivem de determinada maneira, encontrando explicações para determinados comportamentos discutindo-os em grupo na sala de aula.

A escola pode possibilitar o contato e a reflexão sobre a cultura popular por meio de projetos que envolvam o folclore de uma forma geral, ou seja, através de contos de histórias, de brincadeiras orais como adivinhas ou trava língua, da culinária, da arte e música. Nas aulas de Educação Física ou na hora do recreio, por exemplo, é possível recuperar as brincadeiras de diversos jogos e brinquedos encontrados em diferentes regiões. Através da organização de eventos culturais de cariz popular ou pela participação das famílias no ensinamento de brincadeiras tradicionais, a escola pode proporcionar benefícios preponderantes nas aprendizagens da criança. 

Assim, a criança que ao longo dos tempos vai recebendo diferentes informações da cultura da sua comunidade, que serão internalizadas à medida que convive com seus pares, passará imediatamente agir sobre a realidade em que vive participando da construção cultural que está em constante movimento de transformação.

Importante não esquecer que a identidade nacional de um povo é constituída por hábitos culturais que são passados de pais para filhos, de avós para netos, informações que são vividas, adaptadas ou transformadas de acordo com as necessidades de cada comunidade.

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