quinta-feira, 26 de outubro de 2017

SOCIEDADE CIVIL – UMA MAIORIA QUE NÃO É ASSIM TÃO SILENCIOSA

LUÍSA VAZ
Após as tragédias que começaram em Pedrogão Grande e que terminaram na passada semana com mais cerca de 40 mortos, totalizando um número funesto de mais de 100 vítimas dos fogos, o país uniu-se em vigílias pacíficas por estas cidades fora com bastante adesão. A intenção das pessoas ia desde a homenagem às vitimas que foram abandonadas por este Poder Central à sua sorte, à defesa das Florestas e do Ambiente até ao chamar a atenção para o abandono a que fomos votados principalmente pela actual solução parlamentar que num momento em que Portugal está de luto resolve aprovar uma Lei inconsequente, irresponsável e perigosa que permite que os jovens possam livremente mudar de sexo a partir dos 16 anos. São estas questões de confusão e destruição da base social e humana que preocupam esta solução que nos impuseram. Entende-se perfeitamente porque actuam assim: ao fazê-lo, os jovens estão mais entretidos com as suas confusões próprias da idade e em arranjar culpados e fantasmas do que com a Política, os Valores e o mundo que os rodeia ficando depois numa papa tal que nada mais lhes importará.

Eu fui, como não poderia deixar de ser, à vigília que teve lugar na minha Cidade. Estavam, segundo a comunicação social, cerca de um milhar de pessoas. Parece-me pouco dado o carácter das gentes desta zona mas também apontaram para cerca de 1000 na Praça do Comércio em Lisboa e o número chegou às 7.000. Estava muita gente consciente do momento de perigo em que vivemos e em profundo luto não só pelas vidas arrancadas pela incúria e incompetência mas pelos animais que sofreram e a floresta que está destruída na sua quase totalidade. Convém perceber que a fauna, a flora e a vida animal ajudam ao equilíbrio dos ecossistemas e principalmente daquele onde o Homem habita. Ora uma vasta área sem zonas verdes e com o ar poluído é muito mais propícia a que quem a habita desenvolva doenças alérgicas, do foro respiratório ou outras. Mais do que as vidas que têm um valor incalculável e da noção de que se nos acontecer a nós não podemos contar com esta solução parlamentar, estes lamentáveis episódios também serviram para destruir o nosso Património histórico. O Pinhal de Leiria mandado plantar por D. Dinis tinha para além da sua vertente ecológica e de equilíbrio, um papel muito activo na estória viva daquela região – já li algures que está em suspenso um projecto de urbanização daquela área. Aguardemos para ver se o fogo serviu motivações económicas particulares.

A maior parte de nós já ouviu falar da Máfia dos Fogos – aquele grupo criminoso já denunciado pelo El País que se encontra em Espanha e por lá vai lavrando fogos consoante os seus interesses e ganhando balúrdios pornográficos com o negócio do combate aos fogos. É sabido que o raio de actuação dessa facção criminosa se alastrou a território nacional. Segundo a mesma publicação as caras são conhecidas, são conhecidos os restaurantes que frequentam e as suas estratégias. Pergunta: Estão à espera do quê exactamente para os prender e processar? Sim, por esta ordem, por favor porque quando se trata deste grau de loucura o percurso não pode ser o tradicional.

Mas por cá há culpas a atribuir em ambos os incêndios com vítimas mortais, há nomes e há factos. Há relatórios independentes que o provam mas até agora só saiu uma Ministra que se revelou incompetente e impreparada para a pasta desde o primeiro segundo e que o cabecilha da solução parlamentar que nos desgoverna manteve no cargo e com isso sujeitou o país a mais cerca de 40 mortes por capricho e por não gostar que lhe digam o que fazer. Vamos já no total de 108 pessoas mortas, a maioria carbonizada porque o Sistema de Emergência não funciona quando há emergências. Há aliás no contrato elaborado por Costa e por um elemento que ele agora chamou para Secretário de Estado, uma cláusula que desresponsabiliza o sistema em caso de falha em situações de emergência.

Estamos a falar de um brinquedo que nos custou mais de €200 milhões por isso por mais que não quiséssemos partidarizar a questão, quando um Governo tem sangue dos seus cidadãos nas mãos e diz que “ temos que nos habituar porque vai acontecer mais vezes” ou que “os cidadãos têm que tratar da sua própria segurança e não estar sempre à espera do Estado” chegamos ao ponto de não-retorno.

Ou deveríamos ter chegado se a máquina do PS e o actual ocupante de Belém não fossem máquinas publicitárias. No seu tom de papá zangado, o Prof. Marcelo veio demitir a MAI – visto que Costa insistia em não o fazer – e passar uma reprimenda á solução parlamentar ao mesmo tempo que lhe dava a mão não a deixando cair. Marcelo sabe que se esta solução cai em desgraça não há selfies, beijinhos e abraços que o safem pois o seu mandato ficará para sempre colado a isto.

Marcelo visitou as regiões afectadas e…distribuiu afectos. E novidades? Eu não acho que ele tenha feito nada de mais dada a paupérrima actuação de todos os elementos que compõem ou apoiam a solução parlamentar. Já que dá beijinhos por tudo e por nada então que os dê a quem por incúria e incompetência lhes estorricou familiares, gado e propriedades. Marcelo fará, para mim, alguma coisa de jeito e mostrará um pingo de dignidade se no espaço de um mês os animais já tiverem comida e abrigo e as pessoas estiverem instaladas nas suas casas e com ajudas para recomeçar no máximo até ao Natal. Isso sim, será algo que eu assumirei como digno e é possível.

O spin da Esquerda muito motivado pela ultrapassagem de que foi vitima pela sociedade civil leva a que tentem culpar todos os Executivos anteriores esquecendo-se sistematicamente do PCP – e a que recuperem declarações de Assunção Cristas enquanto Ministra da Agricultura o que leva à pergunta: Quantas pessoas morreram decorrentes de alguma medida que ela tenha tomado ou não tenha tomado?

No Governo anterior foi preciso fazer cortes mas nem por isso a Segurança e a Protecção Civil deixaram de funcionar porque tinham gente conhecedora e competente – que foi por esta MAI substituída em Março – à frente dos vários organismos.

Podem culpar todos os Governos constitucionais de não terem tratado como questões de Soberania áreas como: Agro-pecuária, Reflorestação ou Ordenamento do Território mas não podem querer partilhar este sangue que é só destes.

Vejamos: quando há boas notícias não há passado, os outros não fizeram nada nem os resultados actuais são decorrentes dos esforços passados mas quando as coisas lhes correm mal por manifesta incapacidade e incompetência a culpa passa a ser das “medidas neoliberais”. Mas andamos a brincar? Morreram pessoas não há forma de branquear um homicídio confesso do Estado português e das suas Instituições cujo dever é proteger-nos. E isto já para não falar no dinheiro dos donativos que foi para ao Hospital de Coimbra ou algum dele que foi com certeza ajudar a mascarar, mais uma vez, as contas do déficit.

E por falar em dinheiro, depois do Centro-Direita se ter substituído aos Sindicatos e ao PCP e ao Bloco organizando manifestações cordatas, apartidárias e por uma causa, sim porque se no tempo de Passos Coelho tivesse morrido uma andorinha não só tinha caído o Ministro como o Executivo inteiro e eram todos linchados em praça pública, no fim do Conselho de Ministros extraordinário de sábado, Costa vem anunciar que não será por falta de dinheiro que as coisas não serão feitas ao mesmo tempo que, a contragosto, assume que poderia ter lidado melhor com as emoções. Mas quais emoções? Querem que o fulano tenha um cariz humano mas ele consegue ser pior que Sócrates, este roubou descaradamente mas porque achou que tinha direito a viver no luxo enquanto este mata, não manifesta qualquer emoção quanto a isso e é obrigado a vir justificar essa falta de emoção. Ela pura e simplesmente não existe porque ele não tem empatia pelo sofrimento das pessoas como normalmente não têm os sociopatas pois caso tivesse não precisava de ter feito o que fez em Outubro de 2015 esperando por outro acto eleitoral onde ganhasse justa e inequivocamente nas urnas.

Com o exemplo deste sábado chegamos à conclusão que a Esquerda que antigamente era interventiva e de causas, se quisermos acreditar nisso, hoje em dia é facilmente substituída pela sociedade civil que de forma calma e ponderada demonstra o seu desagrado face ao que tem acontecido ao país. Costa agora acena-nos com milhões que não são nossos, são de Bruxelas e é imperativo que isso se saiba porque mais uma vez ele passa a ideia de que somos um país rico com dinheiro para tudo e isso é mentira. Ao abrigo da situação de “calamidade pública” decretada por Bruxelas dado o número de mortos nestes incêndios, Portugal vai ter acesso a uma linha ainda não totalmente contabilizada de fundos que não vão, por decisão de Bruxelas, contar para o déficit mas que servem para recuperar as regiões afectadas e ajudar as pessoas a repor alguma normalidade nas suas vidas.

Ainda há pouco ouvi que o SIRESP ia passar a ser uma PPP. Já estamos a ver para onde vai o dinheiro, não estamos? Só há duas formas de responsabilizar o Estado por esta mortandade: uma é apresentar uma queixa no TEDH na pessoa de Costa e de Constança acusando-os de homicídio e há base legal e factual para o fazer. Fosse eu jurista e já estava a preparar o processo…e a segunda é os cidadãos, entidades, instituições e empresas das áreas afectadas se unirem e pressionarem as suas Juntas de Freguesia e Câmaras Municipais até que todo o animal tenha abrigo e comida e todas as pessoas estejam instaladas nas suas casas, seguras e com condições para recomeçar depois de terem perdido tudo. Também defendo que devam dar conta ao resto do país do que vai acontecendo e dos progressos para que todos saibamos em que pé estão as coisas. Se a pressão funciona, usem-na para fazer algo de bom por quem não pediu nem mereceu a desgraça que sobre si se abateu.

Não se deixem confundir nem caiam no spin mediático. Da Esquerda há provas por esse mundo fora que não vem nada de bom e esta solução parlamentar já há muito que revelou ao que vem. Quer a destruição dos Valores e Princípios da sociedade democrática e não descansa enquanto não conseguir. Cabe-nos impedi-los e rapidamente. Não se deixem iludir por mais uns euros por mês porque eles vão-nos sair muito caros e com juros.

Querem alguém que vos abrace e vos diga coisas bonitas? Vão ter com os vossos pais, avós, irmãos, sobrinhos, amigos, namorados, maridos ou amigos coloridos não caiam na campanha publicitária do senhor que actualmente habita Belém. São os nossos quem tem que nos dar uma palavra de alento e não um estranho armado em paizinho que não nos conhece de lado nenhum.

Nós enquanto portugueses falhamos na defesa do nosso Património verde e é bom que aprendamos a lição, criemos mais consciência ecológica e defendamos as nossas matas e florestas. Se for preciso começamos nós a reflorestação aos bocadinhos. O que importa é que nos responsabilizemos pela parte que nos cabe.

Já o Estado, na pessoa de quem tutela as pastas – e note-se que não é só a MAI. É o MF, é o MD e claro o segundo-minúsculo como eu gosto de lhe chamar – falhou redondamente e tem que ser responsabilizado por isso. Deixar passar ou esquecer revela por parte de quem o fizer uma total ausência de respeito pelo valor da vida humana, uma falta incomensurável de carácter e de espinha-dorsal e demonstra pactuar com o crime de homicídio na forma conseguida de 108 inocentes. Eu não queria esse peso na consciência e por isso faço a minha parte.

Deixo-vos só mais uma pergunta: Então e o PAN? Aquilo não foi eleito para defender Pessoas, Animais e Natureza? Que vértice não está pressente na tragédia dos incêndios? Para que é que o estamos a manter a pão-de-ló no Parlamento? Para fazer aprovar leis como a de ser possível os restaurantes receberem cães? E a ASAE, que diz disto?

Vale tudo nesta escalada louca e inconsequente na escada do Poder. Só espero que se cumpra o ditado que diz que “quanto mais alto se está…”

Mais do que pensar, começa a ser cada vez mais urgente agir e eu estou muito orgulhosa de ter participado na manifestação de sábado e estou muito orgulhosa de todos os que lá estiveram comigo, E dos outros que se reuniram noutros pontos do país.

Uma última palavra de agradecimento e uma ovação de pé aos nossos bravos Soldados da Paz – Muito mas mesmo muito obrigada!

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