quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

EM QUE ESTADO ESTÁ A UNIÃO?

LUÍSA VAZ
Sempre que um Partido vai a eleições, tenham elas um carácter de maior ou menor debate político e programático, quando saem os resultados, todos se apressam a apregoar a União como bandeira para o sucesso do mandato que se inicia.

Ultimamente tem sido possível assistir a uma confusão de conceitos que a muitos podem passar despercebidos mas cuja compreensão é essencial para a prática da higiene democrática. Muitas vezes, os candidatos derrotados, e não raras vezes também os vencedores, fazem repetidos e reiterados apelos à União dos apoiantes das várias candidaturas enquanto se começam a preparar para tomar conta da máquina partidária.

Ora uma coisa é os militantes estarem unidos em torno de um Programa e de um Líder embora possam discordar de algumas actuações ou posturas e outra é o Hunanismo onde se insiste em impor que só há aquela forma de fazer as coisas e que quem for contrário será liminarmente afastado enquanto aquela Direcção se mantiver, ou as próprias pessoas sentirem-se compelidas a colocar os lugares que ocupam – e que em nada dependem do acto eleitoral recente – à disposição uma vez que publicamente apoiaram outro candidato, outras ideias e outro Programa.

Ora se o lema é a União, estes casos não deveriam acontecer e não se deveria estar já a pensar em afastar A ou B para libertar lugares para os aparelhistas recém-chegados. Dever-se-ia antes olhar para quem está nos cargos, apoia-los no seu desempenho e aguardar serenamente o novo acto eleitoral onde o trabalho seria julgado por quem de direito, os respectivos militantes.

Para se gerir um grupo tão vasto de pessoas quantas as que compõem uma estrutura partidária, desde os dirigentes aos militantes anónimos de quem todos dependem, é necessária acima de tudo uma boa comunicação e uma impressionante capacidade de liderança aliada a muita diplomacia. Tudo isto e muita calma, tomando o tempo necessário para conhecer as diversas realidades e optar pelas soluções mais sensatas mesmo que não as mais consensuais, é determinante para o sucesso de um mandato.

Com cada novo Líder chega um novo ciclo político, novas equipas e espera-se que novas ideias e formas de actuação mas os Partidos que têm por base a liberdade de expressão e pensamento não podem ambicionar que União seja sinónimo de silêncio sepulcral pois esse é por norma o maior indicador de graves problemas.

O debate e o diálogo interno, a escolha pela meritocracia e pela competência, uma abordagem mais profissional e uma comunicação mais clara e eficaz são no meu entender os melhores ingredientes para o sucesso.

É urgente que as pessoas que militam os Partidos sirvam de veículo para que a mensagem passe de forma rápida e eficiente e devem ser ouvidos e consultados pois deles dependem também o sucesso dos resultados.

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