terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

FAZER-SE DISTINGUIR SEM SE FAZER NOTAR

TÂNIA AMADO
A elegância é um dom pessoal que vai além do bom gosto, do saber vestir, da educação, do uso correcto dos talheres ou do guardanapo. Vem das regras de etiqueta da vida. Ser responsável e admirável, mas ao mesmo tempo leve. Apesar da falta de educação ultrapassar a deselegância, é necessário ser educado, polido e gentil para ser elegante.

É provável detectar a elegância nas pessoas que elogiam mais do que criticam, em quem evita assuntos constrangedores do que em quem gosta de humilhar, nas pessoas pontuais (respeitam o tempo dos outros e o seu próprio também) ou em quem faz algo por alguém sem ninguém dar conta ou muda de estilo apenas para se adaptar, em quem não fala de dinheiro em conversas informais ou fica em silêncio mediante a rejeição, pratica o contacto do olhar durante uma conversa por ser atento ao outro.

É tão importante agir sem agredir, ter encantamento na voz ainda que esteja a chamar à atenção (ou fazer silencio, que também comunica), como saber posicionar-se no seu jeito de pensar - não viver de intrigas, mentiras ou correr atrás do que lhe faz mal; reconhecer erros, corrigi-los, pedir desculpas e manter a calma em situações caóticas. Saber dizer não, sem ser rude (a não ser que a situação já o seja. Neste caso, reposicione-se no que acredita.). 

Ser elegante é também ser simples, espontâneo, bom observador e ouvinte, empático, mas acima de tudo: é ter bom senso e respeito.

Há características que chegam da referência da vida, criação e evolução pessoal. É uma questão de interior, autenticidade e mede-se também pela forma como trata o outro (e não só de si). É uma pena quando se confunde a elegância, ou humildade, com fragilidade. É uma arte que se aprende com o exemplo, mas é irreproduzível.

Apesar dos livros serem excelentes professores, é fundamental procurar ter generosidade, saber reconhecer algo de bom naquilo que não gosta, saber que todos somos alunos e professores respeitando as duas velhas máximas: “não faças aos outros o que não gostas que te façam a ti” e “o limite da tua liberdade termina quando começa a liberdade do outro”.

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